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quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

UM GRITO PELA CIDADE



Eu sou de uma geração que teve suas mães e pais roubados pelo trabalho precário.
De uma geração que teve que aprender a se virar sozinha aos 10 por causa de um sistema falho.

Eu faço parte de uma família que teve sua identidade roubada
ao fugir da pobreza extrema e de relações "mal acabadas".
Eu fui mais uma criança criada por uma mulher que a responsabilidade de dois representava.

Eu sou filha de negros, índios, portugueses... europeus ?
Não sei, mas resultado de uma população abandonada pelos seus.

Daqui de baixo eu vejo as luzes da cidade acesa e fico a me perguntar
até quando essa desigualdade vai durar?
até quando nossa cidade teremos que abandonar?
Pra fugir do medo, da fome e da miséria,
que na globalização prospera.

Eu sou mulher que cresceu com medo.
do estupro, do abuso, da violência e da ilusão.
que são executados pelos homens dessa nação.

Eu sou membro de uma família de mulheres que
com sua força de trabalho tentam limpar toda bagunça.
A bagunça de uma sociedade machista,
onde o homem deve ter força pra "comer" uma mulher.
Mas foge da responsabilidade que sustentar uma família requer.

Eu moro numa comunidade cheia de raças, cheia de cores.
cheia de famílias marcadas e com dores.
Eu faço parte de mais uma comunidade
onde há meninas que engravidam aos 15 anos de idade.
Eu faço parte de mais uma comunidade,
onde o alcoolismo é realidade.

Eu sou herdeira de uma geração
que pelo mérito sonha alcançar a riqueza do patrão.
Esse é o DF, cheio de trabalhadores que pela cidade pintam sua miscigenação.
De trabalhadores que correm, que fogem, feridos pela exploração.


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